Será, eventualmente, mais conhecida por Quinta do Alqueve, em vez de Pinhal da Torre.
Lembro com algum regozijo, alguma alegria quiçá, a forma quase aleatória e despreocupada como descobri este produtor ribatejano. Já, agora, e antes de avançar, ainda não assimilei a nova nomenclatura Tejo. Irei observar, com atenção, os possíveis ganhos que a mudança de nome de uma região pode trazer para o povo. Coisas da nossa Nação.
Voltando à história, este produtor ribatejano surgiu à minha frente por causa de um blend de Syrah com Touriga Nacional, da Colheita 2001. Recordo um vinho elegante, com madeira bem trabalhada, envolvente e fino. Parecia coisa de outro mundo. A partir desse momento, andei sempre de olho em cima das actividades da Pinhal da Torre.
Não há muitos dias, voltei a ter a oportunidade para medir o pulso ao portefólio desta casa. Numa manhã e parte da tarde, um conjunto de bloggers nacionais, enófilos inveterados e outros mais, puderam provar in situ toda gama de vinhos produzidos naquela parte da lezíria ribatejana.
Vinhos que revelaram um perfil próprio, uma ideia, um sonho. Vinhos que pretendem ser diferentes, personalizados, que consigam largar carácter pelos lugares por onde passam. Não sei se são ribatejanos, portugueses, novo mundo ou velho mundo. O que interessa para o caso e para aqueles que estão agarrados a este vício - enófilia - é a qualidade presente. Vinhos que poderiam, se calhar deveria dispensar, o nome da região, agora Tejo, antes Ribatejo.
Sem qualquer sinal de pedantismo, sem qualquer réstia de subserviência, diria que andamos, em muitos casos, ofuscados com a luz de outras regiões. Não é chique, não é bonito, e não fica bem perder tempo com vinhos de zonas menores.
Por entre os diversos brancos, rosé, tintos e colheita tardia provados, o ignorado Touriga Nacional de 2000, da Quinta de São João, continua a surpreender pela frescura, pela extrema elegância. Numa vaga mais moderna, mais actual, o 2 Worlds Reserva 2004 revelou ter capacidade para agradar a gregos e a troianos. Um Chardonnay de 2008 limpo, cristalino, ligeiro, directo. Simplesmente, puro prazer. Numa onda de futuro, chegou-me às mãos dois vinhos tintos da Colheita de 2009 sem nome ou melhor com nomes alternativos, que perspectivam a chegada de um verdadeiro acontecimento enófilo. Carregados de frescura, estímulos vegetais e complexidade aromática. Fico aguardar a sua apresentação pública.
Comentários
De qualquer modo, não creio que a mudança de um nome, por sí só, possa contribuir para essa mudança.
Se quisermos olhar para o Dão, região que eu conheço muito bem, reparamos que continua a sofrer na pele os erros cometidos pelos diversos produtores e engarrafadores durante muitos anos e mesmo com a melhoria evidente dos seus vinhos, continua a não ser uma das regiões topo do nosso país. Porquê? Porque ainda está a pagar pelo que aconteceu no passado. Será que aqui tb se deveria ter mudado de nome?
São as gentes, sãos pessoas, os organismos certificadores que devem mudar. Quanto vinho é certificado e que não devia?
Abraço
PMG