As vindimas estão, quase, a pisar a linha final. Quase tudo está colhido, desengaçado ou não, e a fermentar. O cheiro do lagar viaja por todos os recantos, sente-se o rebuliço dos tractores a entrarem e a sairem. Garotos e graúdos mexericam. Caixas e caixotes por tudo quanto é sítio. Há muito, muito, tempo que não sentia, não observava tamanha demanda. Que saudades, que maldito martírio é viver emparedado pelo betão.
Por entre provas e reprovas, por entre meio de cubas e lagares, sobressaíram algumas promessas. Deposito muita confiança no crescimento e amadurecimento de diversos líquidos que, agora, se apresentaram, é certo, imberbes.
Entre eles, encontram-se os primeiros vinhos brancos da Casa da Passarela. Um Colheita com Viosinho e Gouveio. Com a frescura a rasgar a boca e a mostrar boa fruta.
A aposta recai, sem qualquer receio, no Encruzado que já estagia em pipas de madeira usada, nova e em inox. Mais parcimonioso, mais elitista e aburguesado.
Os lotes dos tintos mantêm, sem desvio, o perfil idealizado pelo cérebro da casa. Limpos, francos no trato, e acima de tudo descomplexados. Começo acreditar que o custoso é não complicar.
Tempo, ainda, para brincar ao loteamento tal como uma criança de volta dos seus brinquedos. Pura diversão enófila...
Curiosa a prova de amostras de Tinta Roriz, vindas de diferentes parcelas de vinha. Umas maduras, sobremaduras, outras nem tanto, outras vegetais e lagarentas. Preferi, naturalmente, as últimas.
Por estes lados, não se ouviram queixas. O produto aparenta estar são e preparado para dar continuidade à caminhada que começou há pouco e que está longe de terminada.
Aguardemos, agora, pelo desenlace da história e ver se o final será feliz ou nem tanto.
Comentários
És tb responsável pelo meu crescimento enquanto enófilo.
Um forte abraço e que futuro seja bem risonho.