O Vinho de São Cipriano

A história que tenho para contar é, na sua essência, simples e sem grandes rodeios linguísticos ou articulados. 
Certa noite, um tipo vira-se para mim e dá-me um copo com uma boa dose de vinho branco. Sem qualquer introdução, sem qualquer dica ou pista. E porque sou uma língua solta no que respeita ao que penso e ao que acho, comecei a largar para o ar os maiores impropérios. Lá do alto da minha sabedoria saloia, disse que não seria português, que era curtido, que tinha estilo, que era capaz de evoluir bem no tempo, que isto e que aquilo. O rol de apostas, de afirmações taxativas, a dada altura, era tão despropositada que do outro lado, apenas consegui fazer saltar um sorriso paciente.


Mostrada a garrafa, divulgado o nome, cerrei a boca e arregalei os olhos. Ui! Um vinho com um dos nomes mais sugestivos e amaldiçoados que alguma vez vi: São Cipriano. Quase que me atrevo a dizer que a partir do momento que vi o nome, senti-me, sei lá, meio estranho. Talvez derivado do álcool ingerido.


Desvendado o nome, esquecidos os disparates, saltaram à vista algumas curiosidades: a presença de Pinot Blanc, o nome de um produtor, TornaPuro, que desconhecia totalmente e a sensação que aquele vinho iria envelhecer de forma bem digna. Este era da colheita de 2011. E eu tinha gostado. Resumo de tudo isto: mandei vir uma caixa. 

Comentários