Soalheiro: Sim ou Não? A minha eterna Dúvida

É um dos pináculos incontestáveis do mundo dos vinhos em Portugal, pelas mais diversas razões. E raras ou nenhumas são as vozes que contrariam esse estado de graça actual. Atrevo-me por isso a dizer que a maioria tem razão. É um facto. 


Pessoalmente não consigo ter uma posição definitiva sobre este vinho em particular. Umas vezes acho que sim, outras nem por isso. Por diversas vezes, fico com a sensação que estarei perante algo que não corresponde ao que esperaria de um alvarinho estreme. Dir-me-ão que ando a consumi-lo imberbe demais, quando está menos interessante, longe do seu melhor estado de maturação Que seja. 
Colocando as minhas considerações no universo da fé ou da mera opinião pessoal, creio que houve uma deriva no estilo e na abordagem. Tentativa após tentativa e num exercício que me demonstre que estou profundamente enganado, compro uma garrafa todos os anos. Sou confrontado sistematicamente com a perspectiva, errada com certeza, de estar perante um vinho em que o nervo, a acutilância foram relegados para planos subalternos, passando a ser dada mais ênfase à fruta de cariz mais tropical e ao arredondamento dos sabores.  


E na colheita de 2015? Após um conjunto de contradições e de estados de alma, largando todos os preconceitos e ideias pré-formadas, fiquei com a leve convicção que este terá sido o Soalheiro Clássico, nunca percebi este epíteto, que mais gostei. Pareceu-me mais equilibrado, aparentemente mais fresco, menos tropical, um pouco menos arredondado. Mas tudo preso por arestas, num jogo de harmonias aparentemente muito frágil. Suficiente para ficar convencido? Julgo que ainda não. Para o ano há mais. 

Comentários

Anónimo disse…
Caro Pingus,

Como o compreendo tão bem. Por mais epítetos que tenha o vinho não me convence. Porém, vou-o comprando ano após ano para tirar dúvidas. Falta-lhe garra, nervo e muito mais frescura. Pessoalmente, acho-o um Alvarinho banal e muito tropical que não faz jus à casta. Mas que para muitos é o porta estandarte da casta e da região isso não há dúvida.
Andregpl disse…
Por um lado também os compreendo, mas já experimentaram consumir um soalheiro com 3, 4 ou mais anos?
Que diferença meus caros que diferença.
Grande abraço.